quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Cores que se sentem


"As cores explodem. Continuam a explodir. Não param na escuridão de quem as pinta. Porque nascem na memória de um Homem com excesso de energia.(...) Guima é um turbilhão de onde as emoções viajam. Transporta consigo próprio a força de uma vida que se foi gastando à custa de tanto imaginar a realidade. Sente-se nele a certeza e angústia. Percebe-se a luta mesmo quando se pressente a derrota. Sempre na perspectiva de uma vitória sobre as limitações do Mundo ou do seu próprio corpo.(...) Guima é ausência de ódio. O Tolerante transeunte que todos gostamos de encontrar pelo menos uma vez na vida. O Homem que não se queixa das suas próprias dores mas da sociedade que não permite direitos iguais para todos."
Carlos Magno


Eu tive a honra de encontrar este "Tolerante transeunte" e admito que os breves momentos que conversei com Guima foram sublimes. Sem dúvida um pintor brilhante, com uma vida repleta de surpresas, umas agradáveis, outras nem tanto...mas Guima continua a admirar o Mundo e a pintar a vida como se de uma gigante tela se tratasse.

quarta-feira, 22 de junho de 2011


Não te interessa pensar
nem te interessa pensar porquê.
mas eu estive a pensar e não te interessa pensar em quê?
sentir, sem pensar no sentido
é como calar o que existe.
Esse lema é só um vestido
e é o mais leve que vestiste.
Não te interessa tentar
nem te interessa pensar o quê,
não te interessa espreitar a verdade
e no fim é ela que te vê.
Viver sem pensar no que perdes
é como perder o respeito,
o respeito é só um vestido
mas é com ele que eu me deito.
Não te interessa dizer
nem te interessa dizer porquê,
não te interessa mudar, se é mudar o que ninguém vê
perdeste sem qualquer sentido o que afinal não existe
mas teu caminho foi seguido
e o que é certo é que o seguiste.

Foge Foge Bandido

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Inequivocamente estamos a caminhar para o escuro.






Eu sou a seta, eu sou o alvo

Sou a espada e a dor
sombra sem fim

Eu sou a morte, eu sou a vida

Sou o fogo a queimar
o ar que há em mim.

Rodrigo Leão, A corda

terça-feira, 17 de maio de 2011

Reckless abandon



...
A moment, a love
A dream, a laugh
A kiss, a cry
Our rights, our wrongs

Just stay there
'Cause I'll be comin' over
And while our bloods still young
It's so young, It runs
And we won't stop til it's over
Won't stop to surrender.



Sweet Disposition, The Temper Trap

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Mudam-se os tempos...

mudam-se as vontades,

Muda-se o ser, muda-se a confiança;

Todo o Mundo é composto de mudança,

Tomando sempre novas qualidades.


Continuamente vemos novidades,

Diferentes em tudo da esperança;

Do mal ficam as mágoas na lembrança,

E do bem, se algum houve, as saudades.


O tempo cobre o chão de verde manto,

Que já coberto foi de neve fria,

E em mim converte em choro o doce canto.


E, afora este mudar-se cada dia,

Outra mudança faz de mor espanto:

Que não se muda já como soía.


Luís Vaz de Camões.

terça-feira, 5 de abril de 2011

quarta-feira, 30 de março de 2011

Incoerências


A ideia passa-me mil vezes pela cabeça. Estar no escuro, no desconhecido, no proibido, no profundamente lamentável desejo.

O meu corpo estremece, as minhas pupilas dilatam, os sentidos escorrem como lava. A líbido quase rebenta. Vem do nada...depois desaparece. No caminho devasta milhas de certezas, hectares de momentos únicos, devasta campos que até então eram floridos, cheios de tulipas brancas.

As tulipas murcham, os campos tornam-se cinzentos. Os mares, outrora vistos com a inocência de quem vê, tornam-se turbulentos, ao serem sentidos sem qualquer tipo de ingenuidade.

A incoerência leva às maiores tempestades, e as piores são aquelas cujas réplicas, por pior que sejam, não nos impedem de arriscar.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011


A ténue luz do fim de tarde é
como um convite para que nos percamos, enquanto
os amoladores de facas descem a rua, olhando
o nosso corpo atravessar a estrada.

Perco-me por aqui porque sou como
uma photografia desfolhada do chão - rasgam-se-me as
pequenas partes, espalho-me em cores diversas
pela terra.



Sérgio Xarepe

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011



It sure is hard to dance across
the room when you've got
one foot on the floor
and one foot outside the door.


Laura Veirs, Little deschutes